Figuras de linguagem

Figuras de linguagem são recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase. É um recurso que dá uma grande expressividade ao texto literário.

As mais comuns são: metáfora, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, personificação (ou prosopopeia), hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, pleonasmo, polissíndeto, assíndeto, onomatopeia, anáfora, sinestesia, gradação e aliteração.
Metáfora
A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal como, como, são como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles.

Exemplos: 

1) (...) se ela é um morango aqui do Nordeste (...)
2) Tempo é dinheiro.
3) "Meu verso é sangue." (Manuel Bandeira)
Comparação
A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos: como, igaul, etc. Em suma, é uma comparação explícita. 

Exemplos: 

1) Tempo é como dinheiro.
2) O Amor queima como o fogo.
3) Carcará / Lá no sertão / É um bicho que voa que nem avião (...)
4) "Pois fui visitar uma amiga cuja filha adolescente, de 14 anos, tem o rosto de um anjo de catedral, mas se veste de preto, como um morcego."
(Walcyr Carrasco)
Metonímia
É a substituição de uma palavra por outra sendo que, entre ambas, há uma proximidade de sentidos, uma relação de implicação. 

Exemplos: 

1) Não leu Machado de Assis.(Não leu a obra de Machado de Assis.)
2) A cozinha italiana é maravilhosa! (A comida italiana é ótima.)
3) Lemos Machado de Assis por interesse. (Ninguém, na verdade, lê o autor, mas as obras dele em geral.)
4) Gosto de ler Fernando Sabino. (autor pela obra)
Antítese
A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem, ou seja, é a aproximação de ideias contrárias.

Exemplos: 

1) Já estou cheio de me sentir vazio.
2) Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto (Vinícius de Moraes)
3) "Sol e lua, Noite e dia.Sou o fuiE o serei..." (Carlos Queiroz Telles)
Paradoxo
Paradoxo é a presença de elementos que se anulam numa frase, trazendo à tona uma situação que foge da lógica. Exemplo:

Exemplos: 

1) Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer; (Luís de Camões)

2) Ele não odeia, ama.
3) "Sol e lua, Noite e dia.Sou o fuiE o serei..." (Carlos Queiroz Telles)
Personificação (ou prosopopeia)
A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas. 

Exemplos: 

1) Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro. (Carlos Drummond de Andrade)
2) (...) Eu vi a Estrela Polar / Chorando em cima do mar (...)
Hipérbole
Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia de exagero de forma intencional.

Exemplos: 

1) Ela chorou rios de lágrimas.
2) "Estou morrendo de fome!"
3) "Eu quero ter um milhão de amigos e, bem mais forte, poder cantar!!" (Roberto Carlos)
Eufemismo
O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante.

Exemplos: 

1) Faltei com a verdade ao dizer que fui à igreja. (Menti ao dizer que fui à igreja.)
2) Ele é desprovido de beleza. (Em lugar de feio)
3) Enriqueceu por meios ilícitos. (Em vez de roubou)
4) Ele foi convidado a se retirar. (Em lugar de expulso)
Ironia
É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita. 

Exemplos: 

1) Moça linda, bem tratada,
Três séculos de família,
Burra como uma porta: 
Um amor! (Mário de Andrade)
2) Meu irmão é um santinho (malcriado)
3) “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças”. (Monteiro Lobato)
4) "Meu marido é um santo. Só me traiu três vezes!"
Elipse
Temos elipse quando, em um texto, alguns elementos são omitidos sem ocasionar a perda de sentido, uma vez que as palavras omitidas ficam subentendidas através do contexto.

Exemplos: 

1) Ela está passando mal! Depressa, um médico! (Ela está passando mal! Depressa, chamem um médico!)
2) "No mar, tanta tormenta e tanto dano." (em "Os Lusíadas" de Camões) - onde se omite o verbo "haver", ainda que seja óbvia a intenção do autor.
3) "Na sala, apenas quatro ou cinco convidados" Omite o verbo haver(Machado de Assis).
4) Quanta maldade na Terra. (Quanta maldade há na Terra).
Zeugma
É parecido com a elipse, no entanto, só podemos identificar desta forma esta figura de linguagem quando há omissão de algo que já foi expresso no texto. Sabemos que o termo foi omitido porque já foi apresentado.

Exemplos: 

1) Canção do Exílio
Nosso céu tem mais estrelas
Nossas várzeas tem mais flores
Nossos bosques tem mais vida
Nossa vida mais amores (Gonçalves Dias)
2) "Ela gosta de história; eu, de física."
3) Minha professora trabalha na escola particular; minha mãe, na pública. ela anda de bicicleta, ele de moto.
4) Em casa eu leio jornais; ela, revistas de moda.
Pleonasmo
Repetição de uma ideia por meio de outras palavras. É utilizado como forma de ênfase e, além de ser figura de linguagem, é classificada como vício. A diferença entre a figura de linguagem e o vício de linguagem é simples: para ser figura de linguagem, o pleonasmo vem de forma intencional, para dar mais expressividade no texto, enquanto no vício vem como uma repetição não intencional e desnecessária.

Exemplos: 

1) Quando hoje acordei, ainda fazia escuro
(Embora a manhã já estivesse avançada).
Chovia.
Chovia uma triste chuva de resignação
Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite. (Manuel Bandeira)
2) comparecer pessoalmente
3) um mês de mensalidade
4) empréstimo temporário
Polissíndeto
Consiste na repetição de conjunções para garantir um texto mais expressivo.

Exemplos: 

1) O olhar para trás
E o olhar estaria ansioso esperando
E a cabeça ao sabor da mágoa balançada
E o coração fugindo e o coração voltando
E os minutos passando e os minutos passando...(Vinícius de Moraes)
2) "E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vomito" (Euclides da Cunha)
3) "E eu morrendo! E eu morrendo!
Vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, requerida,
A delícia da vida! A delícia da vida.
Assíndeto
O assíndeto ocorre quando há omissão das conjunções.

Exemplos: 

1) Morte no avião

Acordo para a morte.
Barbeio-me, visto-me, calço-me.(Carlos Drummond de Andrade)
2) "Soltei a pena, Moisés dobrou o jornal,Pimentel roeu as unhas"(Graciliano Ramos)
3)  'Este é o vilão que de entre vós vos enganou, vos defraudou, que vos traiu por completo.'" - note-se que neste exemplo, dado por Aristóteles, se faz, também, uso da gradação.
Onomatopeia
Temos onomatopeia quando há o uso de palavras que reproduzem os sons de seres vivos e objetos. É mais comum em história em quadrinhos.

Exemplos: 

1) Johann Sebastian Bach: O grito do galo na Paixão segundo São Mateus (com as palavras "krähete der Hahn")
2) J oão Gilberto: O Pato (canção onde se faz referência ao grasnar do pato "Quém! Quém!")
Anáfora
Consiste na repetição de palavras ou expressões com o objetivo de enfatizar uma ideia. 

Exemplos: 

1) Elegia Desesperada
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres
Que ninguém mais merece tanto amor e amizade
Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade
Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade (Vinícius de Moraes)
2) Nem tudo que ronca é porco,
Nem tudo que berra é bode,
Nem tudo que reluz é ouro,
Nem tudo falamos se pode.
3) Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer,
é um não querer mais que bem querer. (Camões)
4) Ilha cheia de graça
Ilha cheia de pássaros
Ilha cheia de luz
Ilha verde onde havia
mulheres morenas e nuas" (Cassiano Ricardo)
Sinestesia
A sinestesia traz textos que expressam as sensações humanas, com o cruzamento de palavras referentes aos cinco sentidos. 

Exemplos: 

1) Recordação
Agora, o cheiro áspero das flores
leva-me os olhos por dentro de suas pétalas (Cecília Meireles)
2) "Vamos respirar o ar verde do outono"
3) os teus olhos são negros e macios
4) “E um doce vento, que se erguera, punha nas folhas alagadas e lustrosas um frémito alegre e doce.” (Eça De Queirós) - (aroma = tato / tato = aroma)
Gradação
Nesta figura as ideias aparecem de forma crescente ou decrescente dentro de um texto.  

Exemplos: 

1) Meia noite em ponto em Xangai
A mulher foi-se encolhendo, agarrada aos braços da poltrona. Cravou o olhar esgazeado no retângulo negro do céu. Encolheu-se mais ainda, cruzando os braços. Limpou as mãos pegajosas no brocado da bata. Susteve a respiração. (Lygia Fagundes Telles)
2) Dei um passo, apressei-me, corri.
3) Você era um bom professor, logo depois se tornou um gari e hoje não passa de um mendigo nas grandes cidades...
4) Com não se sabe o terremoto, a guerra, a explosão que vai acontecer quando eu chegar com meu boletim em casa...
Aliteração
Consiste na repetição de consoantes em uma sequência de palavras, trazendo um texto com um efeito sonoro. 

Exemplos: 

1) Chove, chuva, chove sem parar (Jorge Ben Jor)
2) “Que a brisa do Brasil beija e balança”,Castro Alves, O Navio Negreiro,
3) “Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”, Cruz e Souza,Violões que choram
4) “Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas.
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas.” Fernando Pessoa, Saudade dada

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Fonte:
- wikipedia.org  <acessado em 10/07/2015>
- http://rachacuca.com.br/educacao/portugues/figuras-de-linguagem/ <acessado em 10/07/2015>